quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cárie Não Profunda e Restauração em Cães

Dálmata, M, 8anos
Cirurgião: Dr.Leon
Dezembro/2012 - DENTISTAVET
 
Histórico:
Paciente foi encaminhado por colega, que notou, em exame da cavidade oral, perda de estrutura dos 1.molares inferiores (#309 e #409). Apesar disso, o paciente não apresentava sintomatologia nem dificuldades de apreensão ou mastigação. Já em consulta, no DENTISTAVET, o proprietário relatou ausência de hábitos de higiene oral, assim como o costume em fornecer doces e pedaços de pão, de sua própria dieta ao seu pet, de maneira frequente.

Resolução do Caso:
 
A perda de estrutura, causada pela cárie, localizava-se entre as duas maiores cuspides dos dentes #309 e #409. Nesse local, são dentes que apresentam, em sua porção vestibular uma fissura, e em sua porção lingual uma cavidade, existindo quase uma comunicação anatomica entre estas estruturas. Além disso, ao exame, apresentava cálculo e gengivite. Foi realizada antisepsia com clorexidine 0,12% (Periogard) e raspagem dentária com US. 
 
 
 
Com o uso de um explorador odontológico, foi possivel diagnosticar Cárie através da remoção de debris de dentina, e tecido necrosado. Através de radiografia intra-oral digital, é possivel visualizar que havia um pequeno halo de radioluscencia (setas amarelas), que não atingiam o sistema de canais radiculares.
 
 
 
Foram utilizadas pontas diamantadas esférica e cônica, em caneta de alta-rotação, para remoção da estrutura atingida pela cárie. Esta remoção foi guiada pela radiografia, de maneira que não fosse uma remoção profunda, mas que abrangesse toda a área sugerida pela radioluscencia da imagem radiográfica.
 
 
 
 
 
Foi aplicado solução de Milton (hipoclorito de sódio 1%) através de irrigação/sucção para desinfecção do local.
 
 
 
 
 
 
 
 
Realizou-se a restauração com resina composta fotopolimerizável, seguindo o protocolo convencional do emprego deste material:
1 - Condicionamento ácido / lavagem da cavidade;
2 - Aplicação de agente de união + fotopolimerização;
3 - Aplicação de resina composta + fotopolimerização.
 
 
 
 
 
Aspecto final. É possivel visualizar, na radiografia digital, o material restaurador (radiopaco). Quanto à restauração, foi possivel devolver o aspecto estético semelhante à estrutura original.
 
 
 
 
 
 
 
Cárie em cães
"A cárie dentária pode ser definida como uma destruição localizada dos tecidos dentais causada pela acção das bactérias. A desmineralização dos tecidos dentáis (esmalte, dentina ou cemento) é causada por ácidos, especialmente o ácido lático, produzido pela fermentação bacteriana dos carboidratos da dieta, geralmente a sacarose. A baixa do pH ocasiona dissolução do esmalte e transporte do cálcio e fosfato para o meio ambiente bucal" (literatura)
 
Costuma-se dizer que a cárie é rara em cães, porém não é impossível diagnosticar esta afecção na rotina de um dentista veterinário.
 
Diferente dos humanos, os cães apresentam um pH oral mais alcalino, com poucos episódios de diminuição (abaixo de 7,0). Além disso, sua dieta é baseada em proteinas, a anatomia dentária raramente apresenta fissuras ou fóssulas, e sua microbiota oral é diferente da humana.
 
Cães podem apresentar cárie quando submetidos à habitos humanos, como a constante administração de carboidratos (pães ou doces), associado à aquisição das bactérias cariogênicas de seu próprio dono (através de contato com a cavidade oral).

(LEON-ROMAN 2013 - Cárie e Restauração em cães - Relato de Caso)

MV,Esp.PhD LEON-ROMAN
Proprietário do DENTISTAVET - Centro de Odontologia Veterinária e Cirurgia Oral
Coordenador do CTEOV - Centro de Treinamento e Ensino em Odontologia Veterinária

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amputação de Raiz Distal em 1.Molar Inferior x Extração dentária total

Pit Bull, 7 anos, macho
Cirurgião: Dr.Leon
Agosto/2010 - DentistaVet 

Queixa Principal:
Paciente apresentava acúmulo de cálculo (g.I) e gengivite (g.I), porém em molar inferior esquerdo (#309), apresenta doença periodontal localizada em região de 309-310, o que levou à perda do #310. À sondagem periodontal, apresentava bolsa de 8mm de profundidade. Radiográficamente, pôde-se visualizar reabsorção óssea horizontal em raiz distal e higidez do periodonto em raiz mesial.

Teoria:
Dentes com Doença Periodontal podem ser tratados de várias formas. Raizes com perda de suporte periodontal podem passar por aplainamento radicular, porém quando há perda de 2/3 do periodonto, costuma-se optar por remoção do elemento dentário. Dentes birradiculares devem sofrer odontosecção para sua extração. Caso seja escolhido deixar uma das raizes, devido à exposição do sistema endodôntico, deve ser realizado tratamento de canal (pulpectomia total).

Resolução do caso:
Foi realizado odontossecção do #309, para extração da raiz distal. Após alavancagem, com alguma facilidade a raiz já apresentava mobilidade. Sua remoção foi realizada com fórceps.
Feito isso, foi medicado e restaurado acesso lateral da câmara pulpar.

Após realizado acesso do canal em região oclusal, foi realizado pulpectomia total da raiz mesial. Foi usado limas endodônticas hedström de uso veterinário, para facilitar instrumentaçào, uma vez que as limas humanas não alcançaram o delta apical. Foram usadas limas da primeira série.
Terminada a pulpectomia total, o canal foi obturado com cimento à base de hidroxido de cálcio (Sealer26) e restaurado com resina fotopolimerizável.

Radiograficamente, pode-se observar os dois pontos de restauraçào, o primeiro na face distal por causa da exposição da câmara pulpar, e o segundo na região oclusal.

Conclusão:
Apesar da extração total ser uma solução cirúrgica mais simplória, realizar tratamentos conservadores que permitam manter a oclusão próxima do normal devem ser a primeira escolha de um médico veterinário especializado em odontologia veterinária que pretenda ofererecer um serviço de excelência.

Sialoscele Sublingual ("Rânula") - Técnica de Marsupialização

SRD, 4 anos, macho
Cirurgião: Dr.Leon
(Atendimento do LOC-FMVZ/USP entre 2000-2008)

Caso atendido no LOC-FMVZ/USP em 2002 pelo Dr.Leon
 
Apresenta aumento de volume em região sublingual, de consistência flutuante. Foi puncionado por colega há 2 semanas atrás, que relatou conteúdo líquido (viscoso), confirmando diagnóstico de Sialoscele Sublingual

Teoria:
Sialosceles são acúmulos de saliva, em região cervicao ou sublingua, ou mesmo intraoral, dependendo da glândula envolvida. Em geral, são causadas por obstruções dos ductos salivares, seja por trauma ou formação de cálculos (sialólitos). Em princípio, as sialosceles sublinguais podem ser resolvidas com a Técnica de Marsupialização, porém, em caso de recidiva, além da marsupialização, é recomendado a Adenectomia da gl.submandibula/sublingual.

Resolução do Caso:
Realizou-se a incisão da cápsula contendo o acúmulo de saliva.

Realizou-se sutura (pss) evertendo o tecido interno para fora dos bordos, retardando a cicatrização, o que confere o aspecto de "bolso".

Neste caso, foi escolhido remover a glândula submandibular/sublingual.

Fratura de Mandibula por Projétil Balístico (Tiro)


SRD, 4 anos, macho  
Cirurgião: Dr.Leon
(Atendimento do Dr.Leon no LOC-FMVZ/USP entre 2000-2008)

Caso atendido no LOC-FMVZ/USP em 2002 pelo Dr.Leon

Paciente chegou ao HOVET/USP com fratura de mandíbula em região rostral (sínfise). Proprietário não soube relatar a causa deste trauma, pois encontrou o paciente depois do suposto acidente.

Teoria:
Traumas buco-maxilo-faciais devem passar por exame clínico (quando possível) e passar por avaliação radiológica, tomográfica ou ambos. O método de redução deve restaurar o alinhamento da mandíbula e oclusão dentária o mais próximo do normal. Porções necrosadas e contaminadas devem ser removidas.
O laudo de radiografia indicou presença de corpo estranho radiopaco. Com o paciente anestesiado, foi avaliada a fratura e, ao debridar tecidos inviáveis, foi encontrado várias partes de um projétil balístico.

Foi realizado uma busca extensa para remover o máximo possível de fragmentos deste projétil. A região foi lavada com clorexidine 0,12%.

A redução foi realizada pelo método de Fixação Dentária com resina acrílica. Apesar da ausência do canino inferior direito (#404), foi possível criar um aparelho de resina acrilica utilizando o molar inferior (#409).

O paciente foi reavaliado em 30 dias e, constatado o alinhamento das partes da mandíbula, o aparelho de resina foi removido. No local onde a resina acrílica ficou em contato com o assoalho da boca (onde há ausência do #404), apesar do processo inflamatório, houve formação de tecido de granulação.

Fenda em Palato Mole - Palatorrafia em "U"

Felino, Abissínio, 5 anos
Cirurgião: Dr.Leon
Paciente apresentava fenda em palato mole, na borda do palato duro. Como sinais clínicos, apresentava espirros constantes e secreção nasal.


Teoria: Existem várias técnicas cirúrgicas para correção de fendas palatinas. Em geral, todas prezam por realizar retalhos em que o tecido não apresente tensão.

Em palato mole, é possível apenas aproximar os bordos, porém quando a fenda está próxima do palato duro, existe muita tensão do tecido.

Resolução do caso:
Foi realizado reavivamento dos bordos da fenda, removendo 1mm de tecido ao redor de todo o bordo.

Feito isso, realiza-se uma incisão em "U", seguindo a técnica preconizada por Marreta (1991). A incisão é feita o mais ampla possível. Realiza-se uma incisão na linha média do palato, partindo o "U" em dois retalhos (A e B).




Colocado os retalhos A e B em sua posição (seguindo a técnica em "U"), realizou-se sutura dos bordos com vicryl 4.0 (pps).

Em retorno aos 13 dias, nota-se inicio de formação de tecido de granulação na porção do osso maxilar exposto. Em um ponto, houve deiscencia da ferida (3mm).

Nos demais retornos (26 e 54 dias), o tecido de granulação formado deu lugar à formação de tecido queratinizado, como o tecido palatino original. Aos 26 dias, o ponto de deiscencia tinha 2mm, e aos 54 dias ainda persistia um ponto de 1mm de abertura, tendendo ao fechamento total.

(Agradecimentos ao Dr. Luis Renato Flaquer - MV responsável pelo encaminhamento deste caso)

Para pensar: DAPE substitui a escovação ???

Schnauzer, 6 anos, fêmea

Proprietário relatava mau hálito e negava tratamentos dentários anteriores. Além disso, fora o exame da cavidade oral e cabeça ("Área Nobre"), paciente também tinha falhas de pelo na região lombar, e prurido intenso notado durante consulta. Proprietário relatava que a paciente estava passando com colega para tratamento da DAPE (Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasita).


Ao exame da cavidade oral, apesar do mau-halito devido à presença de cálculo dentário em quase todos os dentes, os incisivos não tinham nem sequer gengivite (!!!).

Por que isso ??? Porque quando a paciente coçava o dorso com os incisivos, o pelâme macio funcionava como uma "escova-de-dentes"... ou seja, estes incisivos sofriam ação mecânica dos pêlos, removendo constantemente a placa bacteriana (pelicula). Desta forma, estes dentes não tem nem placa bacteriána, muito menos cálculo dentário ("tártaro").

Claro... da DAPE não substitui a escovação !!! Os demais dentes apresentavam acúmulo de cálculo g.III, gengivite g.II, e o pior, acúmulo de pêlos nos dentes de tanto coçar !!! Isto gerou uma destruição da gengiva e osso alveolar, causando retrações gengivais e reabsorção óssea alveolar, o que pode ser classificado como PERIODONTITE.

Além disso, dependendo da raça do paciente (ex: Pastor Alemão, Pitbull, etc) o pelâme é mais duro, o que pode levar à desgastes dentários por abrasão constante, levando até à exposição de polpa.

Conclusão

1 - Não recomende a DAPE como profilaxia ou tratamento periodontal !!! ;-)
2 - Indique a escovação dentária diária !!!
3 - Indique o paciente para a Dermato e Odonto sem falta !!!

Abraços
Dr.Leon

Cisto Dentígero por Canino Superior Incluso

Lhasa Apso, fêmea, 3 anos
Cirurgião: Dr.Leon
Queixa Principal:
Ao término da erupção dos dentes permanentes, proprietária percebeu que a dentição da arcada superior esquerda apresentava ausência de vários elementos dentários. Em colega, foi diagnosticado dente incluso (canino #204), e foi sugerido expectativa.

Teoria:
É um cisto que se forma a partir do acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa de um dente incluso e adere-se ao colo do dente na junção amelocementária. Um cisto dentígero pode expandir causando assimetria facial. Tal como acontece com outros cistos, o cisto dentígero expande a cortical externa mais do que a cortical interna. O termo cisto de erupção é usado para um cisto que envolve a coroa de dente irrompido. O cisto dentígero é um ameloblastoma em potencial. Este é o motivo pelo qual, sempre que um dente incluso é diagnosticado, deve ser removido.
Resolução do Caso:
Após as radiografias intra-orais dos dentes superiores esquerdo e direito, foi realizada uma radiografia dorso-ventral da maxila.