sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amputação de Raiz Distal em 1.Molar Inferior x Extração dentária total

Pit Bull, 7 anos, macho
Cirurgião: Dr.Leon
Agosto/2010 - DentistaVet 

Queixa Principal:
Paciente apresentava acúmulo de cálculo (g.I) e gengivite (g.I), porém em molar inferior esquerdo (#309), apresenta doença periodontal localizada em região de 309-310, o que levou à perda do #310. À sondagem periodontal, apresentava bolsa de 8mm de profundidade. Radiográficamente, pôde-se visualizar reabsorção óssea horizontal em raiz distal e higidez do periodonto em raiz mesial.

Teoria:
Dentes com Doença Periodontal podem ser tratados de várias formas. Raizes com perda de suporte periodontal podem passar por aplainamento radicular, porém quando há perda de 2/3 do periodonto, costuma-se optar por remoção do elemento dentário. Dentes birradiculares devem sofrer odontosecção para sua extração. Caso seja escolhido deixar uma das raizes, devido à exposição do sistema endodôntico, deve ser realizado tratamento de canal (pulpectomia total).

Resolução do caso:
Foi realizado odontossecção do #309, para extração da raiz distal. Após alavancagem, com alguma facilidade a raiz já apresentava mobilidade. Sua remoção foi realizada com fórceps.
Feito isso, foi medicado e restaurado acesso lateral da câmara pulpar.

Após realizado acesso do canal em região oclusal, foi realizado pulpectomia total da raiz mesial. Foi usado limas endodônticas hedström de uso veterinário, para facilitar instrumentaçào, uma vez que as limas humanas não alcançaram o delta apical. Foram usadas limas da primeira série.
Terminada a pulpectomia total, o canal foi obturado com cimento à base de hidroxido de cálcio (Sealer26) e restaurado com resina fotopolimerizável.

Radiograficamente, pode-se observar os dois pontos de restauraçào, o primeiro na face distal por causa da exposição da câmara pulpar, e o segundo na região oclusal.

Conclusão:
Apesar da extração total ser uma solução cirúrgica mais simplória, realizar tratamentos conservadores que permitam manter a oclusão próxima do normal devem ser a primeira escolha de um médico veterinário especializado em odontologia veterinária que pretenda ofererecer um serviço de excelência.

Sialoscele Sublingual ("Rânula") - Técnica de Marsupialização

SRD, 4 anos, macho
Cirurgião: Dr.Leon
(Atendimento do LOC-FMVZ/USP entre 2000-2008)

Caso atendido no LOC-FMVZ/USP em 2002 pelo Dr.Leon
 
Apresenta aumento de volume em região sublingual, de consistência flutuante. Foi puncionado por colega há 2 semanas atrás, que relatou conteúdo líquido (viscoso), confirmando diagnóstico de Sialoscele Sublingual

Teoria:
Sialosceles são acúmulos de saliva, em região cervicao ou sublingua, ou mesmo intraoral, dependendo da glândula envolvida. Em geral, são causadas por obstruções dos ductos salivares, seja por trauma ou formação de cálculos (sialólitos). Em princípio, as sialosceles sublinguais podem ser resolvidas com a Técnica de Marsupialização, porém, em caso de recidiva, além da marsupialização, é recomendado a Adenectomia da gl.submandibula/sublingual.

Resolução do Caso:
Realizou-se a incisão da cápsula contendo o acúmulo de saliva.

Realizou-se sutura (pss) evertendo o tecido interno para fora dos bordos, retardando a cicatrização, o que confere o aspecto de "bolso".

Neste caso, foi escolhido remover a glândula submandibular/sublingual.

Fratura de Mandibula por Projétil Balístico (Tiro)


SRD, 4 anos, macho  
Cirurgião: Dr.Leon
(Atendimento do Dr.Leon no LOC-FMVZ/USP entre 2000-2008)

Caso atendido no LOC-FMVZ/USP em 2002 pelo Dr.Leon

Paciente chegou ao HOVET/USP com fratura de mandíbula em região rostral (sínfise). Proprietário não soube relatar a causa deste trauma, pois encontrou o paciente depois do suposto acidente.

Teoria:
Traumas buco-maxilo-faciais devem passar por exame clínico (quando possível) e passar por avaliação radiológica, tomográfica ou ambos. O método de redução deve restaurar o alinhamento da mandíbula e oclusão dentária o mais próximo do normal. Porções necrosadas e contaminadas devem ser removidas.
O laudo de radiografia indicou presença de corpo estranho radiopaco. Com o paciente anestesiado, foi avaliada a fratura e, ao debridar tecidos inviáveis, foi encontrado várias partes de um projétil balístico.

Foi realizado uma busca extensa para remover o máximo possível de fragmentos deste projétil. A região foi lavada com clorexidine 0,12%.

A redução foi realizada pelo método de Fixação Dentária com resina acrílica. Apesar da ausência do canino inferior direito (#404), foi possível criar um aparelho de resina acrilica utilizando o molar inferior (#409).

O paciente foi reavaliado em 30 dias e, constatado o alinhamento das partes da mandíbula, o aparelho de resina foi removido. No local onde a resina acrílica ficou em contato com o assoalho da boca (onde há ausência do #404), apesar do processo inflamatório, houve formação de tecido de granulação.

Fenda em Palato Mole - Palatorrafia em "U"

Felino, Abissínio, 5 anos
Cirurgião: Dr.Leon
Paciente apresentava fenda em palato mole, na borda do palato duro. Como sinais clínicos, apresentava espirros constantes e secreção nasal.


Teoria: Existem várias técnicas cirúrgicas para correção de fendas palatinas. Em geral, todas prezam por realizar retalhos em que o tecido não apresente tensão.

Em palato mole, é possível apenas aproximar os bordos, porém quando a fenda está próxima do palato duro, existe muita tensão do tecido.

Resolução do caso:
Foi realizado reavivamento dos bordos da fenda, removendo 1mm de tecido ao redor de todo o bordo.

Feito isso, realiza-se uma incisão em "U", seguindo a técnica preconizada por Marreta (1991). A incisão é feita o mais ampla possível. Realiza-se uma incisão na linha média do palato, partindo o "U" em dois retalhos (A e B).




Colocado os retalhos A e B em sua posição (seguindo a técnica em "U"), realizou-se sutura dos bordos com vicryl 4.0 (pps).

Em retorno aos 13 dias, nota-se inicio de formação de tecido de granulação na porção do osso maxilar exposto. Em um ponto, houve deiscencia da ferida (3mm).

Nos demais retornos (26 e 54 dias), o tecido de granulação formado deu lugar à formação de tecido queratinizado, como o tecido palatino original. Aos 26 dias, o ponto de deiscencia tinha 2mm, e aos 54 dias ainda persistia um ponto de 1mm de abertura, tendendo ao fechamento total.

(Agradecimentos ao Dr. Luis Renato Flaquer - MV responsável pelo encaminhamento deste caso)

Para pensar: DAPE substitui a escovação ???

Schnauzer, 6 anos, fêmea

Proprietário relatava mau hálito e negava tratamentos dentários anteriores. Além disso, fora o exame da cavidade oral e cabeça ("Área Nobre"), paciente também tinha falhas de pelo na região lombar, e prurido intenso notado durante consulta. Proprietário relatava que a paciente estava passando com colega para tratamento da DAPE (Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasita).


Ao exame da cavidade oral, apesar do mau-halito devido à presença de cálculo dentário em quase todos os dentes, os incisivos não tinham nem sequer gengivite (!!!).

Por que isso ??? Porque quando a paciente coçava o dorso com os incisivos, o pelâme macio funcionava como uma "escova-de-dentes"... ou seja, estes incisivos sofriam ação mecânica dos pêlos, removendo constantemente a placa bacteriana (pelicula). Desta forma, estes dentes não tem nem placa bacteriána, muito menos cálculo dentário ("tártaro").

Claro... da DAPE não substitui a escovação !!! Os demais dentes apresentavam acúmulo de cálculo g.III, gengivite g.II, e o pior, acúmulo de pêlos nos dentes de tanto coçar !!! Isto gerou uma destruição da gengiva e osso alveolar, causando retrações gengivais e reabsorção óssea alveolar, o que pode ser classificado como PERIODONTITE.

Além disso, dependendo da raça do paciente (ex: Pastor Alemão, Pitbull, etc) o pelâme é mais duro, o que pode levar à desgastes dentários por abrasão constante, levando até à exposição de polpa.

Conclusão

1 - Não recomende a DAPE como profilaxia ou tratamento periodontal !!! ;-)
2 - Indique a escovação dentária diária !!!
3 - Indique o paciente para a Dermato e Odonto sem falta !!!

Abraços
Dr.Leon

Cisto Dentígero por Canino Superior Incluso

Lhasa Apso, fêmea, 3 anos
Cirurgião: Dr.Leon
Queixa Principal:
Ao término da erupção dos dentes permanentes, proprietária percebeu que a dentição da arcada superior esquerda apresentava ausência de vários elementos dentários. Em colega, foi diagnosticado dente incluso (canino #204), e foi sugerido expectativa.

Teoria:
É um cisto que se forma a partir do acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa de um dente incluso e adere-se ao colo do dente na junção amelocementária. Um cisto dentígero pode expandir causando assimetria facial. Tal como acontece com outros cistos, o cisto dentígero expande a cortical externa mais do que a cortical interna. O termo cisto de erupção é usado para um cisto que envolve a coroa de dente irrompido. O cisto dentígero é um ameloblastoma em potencial. Este é o motivo pelo qual, sempre que um dente incluso é diagnosticado, deve ser removido.
Resolução do Caso:
Após as radiografias intra-orais dos dentes superiores esquerdo e direito, foi realizada uma radiografia dorso-ventral da maxila.

Emergência Odontológica - Avulsão Dentária

Pit Bull, 3 anos, macho
Cirurgião: Dr.Leon

Queixa Principal:
Após briga com contactante, ocorrida há algumas horas, proprietária percebeu que havia sangramento pela boca, além das feridas em pele. Apesar da briga, "Mailon" estava em bom estado e parecia que nada havia acontecido.




Exame Clínico:
Após colocar o paciente sob anestesia geral (inalatória), foi realizado o exame da cavidade oral.
Foi constatado avulsão de vários elementos dentários. Por ser um trauma dento-alveolar ocorrido há poucas horas, foi decidido tentar manter os dentes e reconstruir a arcada dentária e oclusão normal.

Teoria:
Dentes que sofrem luxação ou avulsão podem ser reimplantados nas primeiras horas do trauma dento-alveolar, por considerar que ainda há ligamento periodontal viável. Por isso é considerado uma emergência. 
Resolução do caso:
Os alveolos foram higienizados com solução fisiológica, sem curetagem, para não remover ligamento periodontal ainda viável. Os dentes foram recolocados em seus alvéolos. Foi realizado a sutura de tecidos moles (gengiva e mucosa) com fio absorvível vicryl (pss).





Foi realizado fixação dentária com resina acrílica (metilmetacrilato) em toda a arcada superior (bilateral). Foi pedido ao proprietário retorno em 30 dias para remoção do aparelho de resina. Até remoção, foi pedido manutenção do aparelho, com escovação e aplicação tópica de clorexidine a 0,12%.




Aspecto do paciente aos 30 dias do pós-operatório, após remoção do aparelho de resina. Nota-se gengivite (reversível) pela presença do aparelho. Foi pedido ao proprietário continuar com higienização com clorexidine 0,12% por mais 10 dias.



Aspecto final do reimplante dos dentes avulsionados.

Após o sucesso do reimplante, foi indicado o tratamento de canal.

Fístula Infra-Orbitária por lesão endodôntica em Incisivo

Bulldog frances, 4 anos, fêmea
Cirurgião: Dr.Leon
2010/07/22

Queixa Principal:
Apresentava assimetria facial, com aumento de volume em região infra-orbitária, há 2 semanas.

Exame Clínico: 
- Fístula infra-orbitária com secreção purulenta;
- Fratura dentária do #103 com exposição do canal radicular;
- Demais dentes com presença de cálculo g.I e gengivite g.I.

Teoria: Normalmente a literatura cita as fístulas infra-orbitária como originadas em lesões endodônticas em 4.pré-molar superior. Em felinos, sabe-se que a fístula infra-orbitária normalmente tem origem em caninos superiores.

HipóteseNeste caso, tanto o #108 (4.pré-molar superior direito) quanto o #104 (canino superior direito) estão em perfeitas condições, porém o incisivo está fraturado. Por se tratar de um paciente braquicefálico, o # 103 (incisivo lateral superior direito) fraturado seria o possivel causador desta fístula.

Resolução do caso:
Com o paciente anestesiado, inserimos um conte de gutta-percha, material radiopaco, para identificar a direção do possível foco de infecção.

Radiograficamente, há uma extensa área de rarefação óssea em região periapical de do incisivo #103. No detalhe, em amarelo temos a área de lise óssea, em branco o dente #103 e em laranja o cone de gutta-percha.
Incisivo #103 com fratura dentária e exposição do canal radicular.











Entre a o tratamento endodôntico ou extração dentária, escolhido a extração do #103.









Contato telefonico (10/08/2010): proprietária relata que "Luna" está ótima, e que a ferida tardou em fechar, porém já está cicatrizada. Em mais 2 meses, realizaremos a radiografia controle para constatar a resolução da rarefação óssea periapical.

Dr.Leon